Dialogue #03
Diogo Bolota
C’est quoi cette danse?
Sara & André (artists’ text in Guests)
23 Jan - 2 Mar 2024
Dialogue Gallery is pleased to present C’est quoi cette danse?, a solo exhibition by Diogo Bolota. Known for his sculptural works, Bolota explores the potential of oil paint in various forms—oil paint, oil pastel, and oil stick. He masterfully brushes and scribbles across large canvases, allowing the artistic process to unfold organically, without predefined shapes or boundaries.
Drawing on the theme of 'Danse Macabre' or Dance of Death, Bolota's work features a blend of vibrant colors that blur the lines between the abstract and the figurative, creating a space where organic forms meet fantastical ones. The exhibition includes five life-sized canvases, each named after a ballet position: Rond de Jambe, Arabesque, En Dehors, Grand Jeté, and Grande Battement. These names reflect the fluidity and movement evident in Bolota's brushwork and scribbles.
Displayed in a straightforward manner, these large canvases transform the exhibition space, encouraging viewers to engage deeply with the art. Bolota's narrative combines elements that evoke both the natural and the surreal, set against varied backdrops like Persian carpets and beach sunsets. This juxtaposition creates a dynamic yet controlled tension, as the artworks capture a moment of balance between the artist's fast-paced creativity and the inherent challenges of the medium.
We invite you to visit Dialogue Gallery to explore Diogo Bolota's thought-provoking exhibition, where each piece invites contemplation of the interplay between material, form, and imagination.
Sonia Taborda, January 2024
Each painting in the exhibition is also a poem by Diogo Bolota
Rond de Jambe
Sentados à mesa Formando uma roda Orbitam as luzes
De um céu premonitório
As estrelas são ursas, ou trombas de elefante Que fazem barulho
Para serem libertadas
As suas amarras
Macaco, caranguejo ou cobra? Metamorfose múltipla
Sereia peixe-humana
Que afasta o rumo dos marinheiros Acende o cigarro na vela Deixou de haver partilhas Morreram os herdeiros
Arabesque
Toma balanço num vai-vém repetido Como um tapete voador sem rumo Que num dia torneia diversos humores Alegre, triste, irritado, calmo Estações em várias horas, estados de dor
Acordas pelo vento
Com o balouçar de trás para a frente Impulso inerente ao brincar de criança Sem que o seu futuro se preveja
Celebração do movimento contínuo Hoje é o teu aniversário
Um acumular da vida
Na data em que o bolo se fatia Como com a faca O frio e a alegria
A vela ora acende ora se apaga
A sua medida é o tempo
Enquanto as velas crescem em número
Da morte: não sei se virá e em que momento
En Dehors
Corro, salto, um cão dentro de mim para fora de portas Na rapidez em que a meta está ao meu alcançe
Ecoa a trombeta num tinido desmesurado
Faz careta de dinossauro o boneco amarrado
Receção em frenesim
Fechar da janela, depois do portão Fixa na fechadura
Que tanto rodou e abriu por fim
Libertados os cães vadios
Que correm de dia
Por de noite, aguardam navios Sonham com o seu lugar de origem Mais próximo ao alcance
Que um campo baldio
Grand Jeté
Eis o culminar de todas as posições de dança A aprendizagem sofre um refinamento
A alegria prevalece ao sofrimento
Nada resta a acrescentar
As palavras vãs são irredutíveis
Magoam na mesma
Porém a ruptura está mais próxima da erupção O céu está a um dedo de distância
Sombra sem sombra, aragem no corpo Floresta robusta como a pelugem no corpo O pêlo na pintura
Enquanto secam as tintas
A pele remove-se
Renovar das cinzas
Grand Battement
Tambores batalham a grande libertação
E lágrimas escorrem como lava
Fortemente abanam-se vegetações Refrescam os senhores que não têm coração
Festa em que todos estão presentes Nesse lugar do todo ao lado Rizoma de árvore florida
Vida curta, tiro ao alvo
Quero e vou para ali
Venho e estou aqui
Não sei onde me encontro Ninguém procure por mim